Africa Basquetebol

19 outubro 2007

MOÇAMBIQUE : TAÇA DOS CAMPEÕES DE ÁFRICA EM FEMININOS: Bom, vamos à grande festa!

AQUI está a grande festa africana da bola-ao-cesto feminina, a nível de clubes! A partir desta tarde, no pavilhão do Desportivo, assistiremos a um verdadeiro passarele das melhores basquetistas do continente, digladiando-se pelo ceptro máximo. A fase final da 13ª edição da Taça dos Campeões promete uma grande espectacularidade. Tanto as três formações nacionais, designadamente Ferroviário, ISPU e Desportivo, como as visitantes, num total de 11 concorrentes, far-se-ão ao rectângulo de jogos com as suas unidades nucleares, algumas das quais “requisitadas” doutras paragens do globo, facto que prenuncia uma prova de alto nível competitivo, tecnicamente bem disputado e que tenha o condão de atrair diariamente, até ao dia da final, 28 de Outubro, muitos espectadores.

Onze equipas darão corpo a este evento, a saber: Ferroviário, Desportivo e ISPU (Moçambique), 1º de Agosto (Angola), First Bank e Dolphins (Nigéria), Djoliba (Mali), Arc-en-Ciel e Lupopo (RD Congo), ABC (Costa do Marfim) e Port Authority (Quénia). De acordo com o regulamento, este conjunto de turmas estará repartido em duas séries, uma com seis equipas e outra com cinco, jogando, na primeira fase, no sistema de todos contra todos, numa única volta, transitando para os quartos-de-final os primeiros quatro classificados de cada grupo. Escolhidos estão já os cabeças-de-série, designadamente Ferroviário, organizador do evento, e 1º de Agosto, campeão em título.

Ontem à noite, teve lugar nas instalações do ISPU um gigantesco acto, presenciado pelo Vice-Ministro da Juventude e Desportos, Carlos Sousa, compreendendo o sorteio da competição, cerimónia de abertura e reunião técnica, na qual foram discutidos todos os pormenores relacionados com o desenrolar do certame. Para o Clube Ferroviário de Maputo, toda a organização decorre a contento, no que, para tal, contribuem sobremaneira os apoios da mcel, millennium bim, CMC, MPDC, MIPS, Ernst & Young e Caminhos de Ferro de Moçambique.

COM OS OLHOS NO TROFÉU

Entusiasmo e ansiedade são o denominador comum nos representantes moçambicanos, que mantêm os seus olhos postos no troféu. No Ferroviário, vice-campeão africano, lugar conseguido em Outubro do ano transacto, em Libreville, no Gabão, ao perder na final com o 1º de Agosto, as preocupações em relação à estrela Carla Silva vão diminuindo, face à possibilidade de poder alinhar já a partir da jornada inaugural, enquanto se aguarda pela chegada da congolesa Pauline Nsimbo.

Carlos Aik, técnico “locomotiva”, afirma que outra coisa não lhe passa pela cabeça que não seja a conquista do campeonato, no entanto, tudo dependerá da forma como as suas atletas irão evoluir em cada partida, tendo em conta, por exemplo, que houve preocupação geral de reforçar as equipas, inclusive com jogadoras americanas e outras africanas a actuar em clubes estadunidenses e europeus.

“O que me preocupa, acima de tudo, é o facto de termos um plantel um tanto ou quanto curto, para uma competição desta dimensão. A agravar a situação, caso a congolesa Pauline não chegue a tempo, teremos apenas duas postes, Ondina Nhampossa e Deolinda Gimo, numa posição basilar e decisiva como esta. Este é o meu maior receio, pois, quanto ao resto, a equipa está bem e moralizada para a missão que lhe espera” – disse.

Quanto ao sorteio, Aik afirma que gostaria de ter uma equipa moçambicana no seu grupo, assim como o First Bank, há quatro anos veio ganhar o título em Maputo. “As nigerianas são muito fortes, é verdade, mas têm uma forma de jogar que nos favorece. Basicamente, utilizam muita força e pouca técnica, enquanto nós usamos mais técnica e menos força. Ora, quando assim é, podemos beneficiar de muitas faltas, o que é sempre bom” – concluiu a sua análise.

No Desportivo, a alegria gravita em torno das senegalesas Anta Sy e Salimata Diata, que segundo Nazir Salé serão uma importante mais-valia para o seu time, principalmente porque se conseguiu um equilíbrio em termos de sectores. “Indubitavelmente, é um campeonato bastante difícil, temos que montar o nosso castelo em cada jogo e tentar chegar o mais longe possível. Os adversários são todos fortes, daí a necessidade de encontrarmos as melhores estratégias para os superar.”

Nelito é de opinião que as “alvi-negras” figuram entre as candidatas, mas esse estatuto, principalmente, pertence às outras. “Vamos pensando jogo a jogo, e será importante aquilo que conseguirmos fazer na primeira jornada, para a confiança e equilíbrio emocional das jogadoras.”

Sem reforços do estrangeiro, seguindo aquilo que é a filosofia de trabalho do próprio clube, que passa pela formação, o ISPU acredita num excelente desempenho na prova que esta tarde se inicia. De acordo com Hélio de Sousa, dirigente da colectividade, as atletas estão supermotivadas e dispostas a competir ao mais alto nível, que é uma forte motivação às atletas debutantes.

A equipa esteve em Banguecoque, nas Universíadas, uma prova que, na óptica de Hélio de Sousa, ajudou as jogadoras, nomeadamente as mais novas, a conquistar alguma experiência internacional, tendo em conta que defrontaram adversárias de diversos países do mundo. “Estamos confiantes e acreditamos num excelente resultado” – rematou.

* ALEXANDRE ZANDAMELA