Africa Basquetebol

21 junho 2007

MOÇAMBIQUE : Selecção de Básquete Sénior Feminino: Blanco promete melhores índices de rendimento

O ESPANHOL Alberto Blanco assinou, terça-feira, no Comité Olímpico de Moçambique, um novo contrato que marca o seu regresso ao comando técnico da Selecção Nacional de Basquetebol Sénior Feminino, depois de, em 2006, ter conquistado a medalha de ouro para Moçambique nos Jogos da Lusofonia, em Macau.
Blanco, que assinou o contrato por quatro meses, tem a espinhosa missão de garantir a presença da equipa nos Jogos Olímpicos de Beijing-2008, o que passa pela conquista do Campeonato Africano, a realizar-se em Setembro próximo, no Senegal, após cumprir o primeiro objectivo, já em Julho, que são os Jogos Africanos de Argel.

Para lograr esse feito, o espanhol aponta como factor primário a melhoria da condição física das atletas, que, no seu entender, constitui o maior défice na equipa em relação às actuais potências africanas, nomeadamente Nigéria e Senegal.

O técnico admite que as dificuldades serão acrescidas, atendendo que em África jogar fora não é como o fazer em casa, relacionando o facto de Moçambique ter falhado, por pouco, o título continental em 2003, quando foi anfitrião da prova, perdendo na final com a Nigéria. Contudo, Blanco se sente encorajado pelo facto de voltar a trabalhar com uma equipa que conhece, o que constitui uma boa premissa para a melhoria dos seus índices de rendimento.

“Quando cheguei, no ano passado, era para conhecer o estágio do básquete feminino moçambicano, e já tenho dados concretos a seu respeito. Agora, haverá mais trabalho táctico. Notei que o nível da condição física é fraco em relação às potências africanas e este período é útil para trabalhar e atingir esse objectivo”, frisou o espanhol, para quem os dois factores são a base para superar formações como Senegal e Nigéria.

Blanco não promete uma equipa do nível destas, mas frisou que vai trabalhar em função da qualidade das atletas disponíveis, para proporcionar o melhor rendimento à selecção. “As dificuldades serão grandes, porém, o compromisso que me trouxe aqui é de ganhar. Apesar dos constrangimentos que possam impedir que isso aconteça, pois podemos querer ser os melhores que os outros e não conseguirmos, é preciso vincar que o objectivo é vencer. Aliás, é meu sonho particular a qualificação para os Jogos Olímpicos”, referiu.

MODELO EUROPEU

O vice-presidente do Comité Olímpico de Moçambique, Aníbal Manave, instituição que assegura a vinda de Blanco, defende que a aposta neste treinador reflecte a inclinação moçambicana para o modelo europeu, pondo de lado a tendência anterior de optar pela escola americana, consubstanciada pela presença do técnico americano entre 2003 e 2005. Nelson Isley foi quem levou Moçambique ao lugar de vice-campeão africano em 2003, em Maputo.

Segundo Manave, uma das decisões tomadas em 2005 foi de que, para Moçambique se qualificar, devia ter mais jogos de rodagem, o que culminou com a participação, em Março de 2006, nos Jogos da Commonwealth e, em Outubro do mesmo ano, nos da Lusofonia, de modo que em 2007, que é o ano chave para a decisão da qualificação, a selecção tivesse uma equipa competitiva.

“Em 2006, a selecção foi orientado por Blanco e foram montadas as bases para a qualificação. Voltamos a contar com ele e terá todo o nosso apoio”, disse, ajuntando que a possibilidade de uma terceira fase de contratação do espanhol depende dos resultados do Afrobásquete.

“Se conseguirmos a qualificação para os Jogos Olímpicos, logicamente que vamos estender o contrato. É preciso, também, ter em conta que o 2º e o 3º classificados do Afrobásquete vão participar num torneio de repescagem, o que, acontecendo, pode abrir essa possibilidade”.

Ilídio Caifaz, presidente da Federação Moçambicana de Basquetebol, manifestou-se satisfeito com a contratação de Blanco, porque o contrato-programa vem resolver muitas situações. “Estávamos aflitos, porque com o nível de orçamento que recebemos este ano do Estado, não seria possível resolver o problema da contratação do técnico”, explicou.

A TEMPO INTEIRO

Um das questões levantadas pelos jornalistas está relacionada com o treinador a tempo inteiro. Aníbal Manave explicou que existe a intenção de se ter um técnico nessas condições, com um trabalho mais abrangente, que não se cinge apenas à Selecção Nacional.

“Encerrámos o contrato com o americano em 2005 e iniciámos com o espanhol em 2006, porque temos condições limitadas para manter um treinador durante um ano, senão seis a oito meses. Achamos que competirá à FMB explorar o máximo o trabalho do treinador neste período que se oferece”, reagiu, salientando que uma das questões a levantar em relação a este assunto é se a estrutura do básquete moçambicano é favorável para um treinador a tempo inteiro.

“A realidade demonstra que o nosso básquete é amador e não profissional. Sendo assim, fica a questão sobre qual será a ocupação do treinador a tempo inteiro. É isso que se requer planear antes de se avançar para esse objectivo”, frisou Manave.

Para Ilídio Caifaz, a decisão sobre o treinador a tempo inteiro depende do que se pretende entre profissionalizar o básquete ou os atletas. “Para mim, é mais fácil profissionalizar os atletas, dando-lhes acesso ao básquete internacional. Temos atletas nos Estados Unidos da América, mas, agora, achamos que a escola espanhola (europeia) é a melhor. Podemos, usando o mesmo sistema, colocar os nossos atletas nessa escola europeia, porque é o modelo que neste momento se aproxima do estereótipo dinâmico do nosso básquete e faz parte da família da FIBA, enquanto o básquete americano não”, observou.

  • SALVADOR NHANTUMBO

9 Comments:

Enviar um comentário

<< Home